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ATIVIDADE DE HISTÓRIA 8º ANO TEATRO

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sábado, 20 de agosto de 2016

"Ditadura em Ciclos" por Nelson Rego

Segundo o Código Penal, o homicídio culposo ocorre quando uma pessoa causa a morte de outra por negligência, imperícia ou imprudência. O causador em potencial não tem a morte do outro por intenção, mas é previsível que sua conduta possa resultar em fatalidade.
A Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul divulgou dados com os quais se torna possível prever que, em 2016, acontecerá o recorde de latrocínios no Rio Grande do Sul desde que a contagem oficial foi iniciada em 2002. Foram 89 mortes em assaltos apenas no primeiro semestre, e julho já apresentou violência acima da média dos seis meses precedentes. A seguir nesse ritmo, em 2016, haverá o salto para 35% ou 40% acima em comparação a 2015, que já ficou colocado entre os ápices dos registros de violência. Assistiremos a uma quebra de recorde com larga vantagem nessa estranha corrida entre temporadas que parecem competir em busca da pior estatística.
Os escrivães, inspetores e investigadores policiais do Rio Grande do Sul, através de seu sindicato, já declararam – faz tempo – desconhecer qual seja o projeto de segurança pública do atual governo. Ao que parece, permanecem sem resposta. A negligência, a imperícia e a imprudência favorecem o aumento do número de mortes pela falência da segurança pública.
Será que não está na hora de rever o conceito de homicídio culposo?
Não se faz necessário ampliar a caracterização do homicida culposo para além do causador direto da morte, incluindo aqueles que, por suas omissões, favoreçam a ampliação de condições favoráveis ao aumento de violências?
Há como a população levar governantes à Justiça sob a acusação de que a omissão se torna uma forma similar às ações de homicidas culposos?
Sugestão de leitura:
Ditaduras em ciclos
E pode piorar. A insegurança pública pode servir de pretexto para converter as polícias militares em ilhas de exceção na apregoada política de (seletiva) austeridade financeira e direcionar sua finalidade para algo bem distante do aparente motivo inicial. Não é preciso ser adivinho para antever: cooptados e bem pagos policiais militares distribuindo cacetadas e gás pimenta em cima de profissionais da saúde, professores, estudantes e tantos outros que se indignem contra os efeitos homicidas de políticas de sucateamento levadas aos hospitais e de atentados de mesma linha impostos às escolas e às condições gerais de vida e trabalho. Há uma campanha em curso na mídia brasileira, por enquanto discreta, para que a segurança seja considerada a prioridade das prioridades, mais do que a saúde, a educação e, muito mais, do que a evolução das relações de trabalho. Para constatar isso, basta observar as recorrências nos noticiários e comentários “isentos” daquela velha mídia tão parceira de oligopólios e desequilíbrios de poderes, rendas e oportunidades na Perpétua Colônia Brasil.
Figura 1 (2)
Arquitetura do ninho
Que cósmico é observar alguém martelando ao longe. O som de cada pancada não corresponde ao gesto do instante, mas ao golpe precedente. Semelhante se passa entre nós e as estrelas e a visão e a audição de suas existências, apenas com diferenças de tempo um pouquinho maiores.
Ah, voltando ao carpinteiro: ele está construindo uma pequena casa para a sua filha e os amigos de sua filha brincar de gente grande.
Desenho de Larissa Arvelos
Desenho de Larissa Arvelos
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Nelson Rego é escritor. http://www.nelsonrego.art.br/. Professor no Departamento e no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sua coluna é publicada quinzenalmente no Sul21.

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Crédito

Sou formado em História e em Geografia, com a conclusão do curso de Geografia em 2018. Minha trajetória docente começou em 2002, quando fui chamado pela Secretaria de Educação para atuar como contratado na rede estadual, lecionando em cursos pré-vestibulares. Em 2005, fui aprovado em concurso público, mas, apesar disso, permaneci com contrato. Desde então, atuei em diversas disciplinas, mas atualmente minha atuação está focada em Geografia, no Ensino Fundamental.